sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

Boas Festas

Aos visitantes deste blog desejo um Feliz Natal e um Ano Novo cheio de Paz e realizações

quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

Hipocrisia

Uma leitura pouco mais atenta dos jornais, durante este ano, levaria a uma reflexão mais profunda dos destinos de nossa sociedade.
Sem dúvida alguma estamos beirando o caos.
Sem duvida alguma precisamos nos posicionar em favor de uma sociedade mais justa e menos hipócrita.
Passamos boa parte do ano convivendo com denúncias, CPMIs, depoimentos, prisões, toda a sorte de acontecimentos que estão mais para a folha policial do que o caderno de política. Se nos dermos ao trabalho de olhar as entrelinhas destas reportagens veremos o quão hipócritas são as notícias, os jornais e revistas que as publicas e a nossa sociedade que aceita e acredita em tais fatos.
Não estou fazendo defesa de ninguém, de nenhum partido ou de qualquer instituição muito menos fazendo acusações a este ou àquele. Quero apenas alertar para a forma que a nossa sociedade convive com certos fatos e não se dá conta do que realmente estamos fazendo. E não é apenas na política que encontramos este comportamento é em todos os segmentos que compõe esta sociedade.
Durante os processos políticos que vivenciamos no ano de 2005 convivemos com denúncias de uso de caixa dois, de esquemas de corrupção nunca vistos e coisas do gênero, como se isso fosse uma novidade muito grande, como se isso nunca tivesse ocorrido no Brasil. Um bom historiador poderia dizer a estes jornalistas que muito antes da República, lá pelos idos do Império já se pagava a membros do parlamento para votarem com o Imperador. Portanto, nenhuma novidade.
O que mais me impressiona é de onde partem estas denúncias, quem são os senhores da verdade, quem são os arautos da moralidade. São políticos que por pouco não tiveram seus mandatos cassados em legislaturas anteriores, que só se salvaram por força da renúncia. São políticos envolvidos em toda a sorte de escândalos, que “nunca foram provados”, assim mesmo entre aspas, pois não sei o que aconteceu para não serem provados e toda a sorte de pessoas que não se tem a certeza de sua conduta ilibada.
Volto a afirmar, não estou defendendo ninguém nem esse tipo de atitude, apenas chamando a atenção para o fato.
Saindo da esfera política encontramos nos noticiários uma enorme quantidade de casos de padres acusados de pedofilia, abusos sexuais, desvios de comportamento etc. Isso também parece que é novidade, que nunca vimos que nunca aconteceu.
Para prevenir acontecimentos como esses o Santo Papa determina que, a partir de agora, não serão aceitos homossexuais como seminaristas.
Quando entram para o sacerdócio, os padres não fazem voto de castidade?
O fazendo, a sua opção sexual deixa de existir, pelo menos teoricamente. Como teórica e preconceituosa é a idéia de que proibindo homossexuais de serem seminaristas acabariam com os desvios sexuais entre os padres.
Na esfera policial: lendo os jornais desta semana me deparo com a notícia de que certo traficante teria sido julgado e condenado à prisão. Em sua sentença o juiz determinou que as custas do processo fossem pagas pelo réu, o traficante.
Se o referido sujeito tem como atividade o tráfico de drogas, de onde ele tiraria o dinheiro para pagar as custas processuais? Isso mesmo, do tráfico. Se a origem deste dinheiro é o crime, seria lícito recebe-lo? Não se caracterizaria uma “lavagem de dinheiro”?
Por outro lado, os advogados que recebem altas remunerações destes criminosos, não estariam ferindo o código de ética ao receberem dinheiro oriundo do crime?
Nossa sociedade aceita sem questionamento tudo isso. Não se dá ao trabalho de sequer pensar no assunto, parece que nada disso existe e quando vem a público demonstra surpresa como se fosse à primeira vez.
Esses são alguns exemplos do que ocorreu durante este ano, da nossa hipocrisia ao tratar de assuntos sérios que mereceriam mais reflexão, mais dignidade nas suas soluções. Assuntos que são, na realidade, da natureza humana e que não deveriam ser colocados para debaixo do tapete como se nunca tivessem ocorrido ou tratados como uma aberração quando transbordam para a esfera pública.