sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

Boas Festas

Aos visitantes deste blog desejo um Feliz Natal e um Ano Novo cheio de Paz e realizações

quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

Hipocrisia

Uma leitura pouco mais atenta dos jornais, durante este ano, levaria a uma reflexão mais profunda dos destinos de nossa sociedade.
Sem dúvida alguma estamos beirando o caos.
Sem duvida alguma precisamos nos posicionar em favor de uma sociedade mais justa e menos hipócrita.
Passamos boa parte do ano convivendo com denúncias, CPMIs, depoimentos, prisões, toda a sorte de acontecimentos que estão mais para a folha policial do que o caderno de política. Se nos dermos ao trabalho de olhar as entrelinhas destas reportagens veremos o quão hipócritas são as notícias, os jornais e revistas que as publicas e a nossa sociedade que aceita e acredita em tais fatos.
Não estou fazendo defesa de ninguém, de nenhum partido ou de qualquer instituição muito menos fazendo acusações a este ou àquele. Quero apenas alertar para a forma que a nossa sociedade convive com certos fatos e não se dá conta do que realmente estamos fazendo. E não é apenas na política que encontramos este comportamento é em todos os segmentos que compõe esta sociedade.
Durante os processos políticos que vivenciamos no ano de 2005 convivemos com denúncias de uso de caixa dois, de esquemas de corrupção nunca vistos e coisas do gênero, como se isso fosse uma novidade muito grande, como se isso nunca tivesse ocorrido no Brasil. Um bom historiador poderia dizer a estes jornalistas que muito antes da República, lá pelos idos do Império já se pagava a membros do parlamento para votarem com o Imperador. Portanto, nenhuma novidade.
O que mais me impressiona é de onde partem estas denúncias, quem são os senhores da verdade, quem são os arautos da moralidade. São políticos que por pouco não tiveram seus mandatos cassados em legislaturas anteriores, que só se salvaram por força da renúncia. São políticos envolvidos em toda a sorte de escândalos, que “nunca foram provados”, assim mesmo entre aspas, pois não sei o que aconteceu para não serem provados e toda a sorte de pessoas que não se tem a certeza de sua conduta ilibada.
Volto a afirmar, não estou defendendo ninguém nem esse tipo de atitude, apenas chamando a atenção para o fato.
Saindo da esfera política encontramos nos noticiários uma enorme quantidade de casos de padres acusados de pedofilia, abusos sexuais, desvios de comportamento etc. Isso também parece que é novidade, que nunca vimos que nunca aconteceu.
Para prevenir acontecimentos como esses o Santo Papa determina que, a partir de agora, não serão aceitos homossexuais como seminaristas.
Quando entram para o sacerdócio, os padres não fazem voto de castidade?
O fazendo, a sua opção sexual deixa de existir, pelo menos teoricamente. Como teórica e preconceituosa é a idéia de que proibindo homossexuais de serem seminaristas acabariam com os desvios sexuais entre os padres.
Na esfera policial: lendo os jornais desta semana me deparo com a notícia de que certo traficante teria sido julgado e condenado à prisão. Em sua sentença o juiz determinou que as custas do processo fossem pagas pelo réu, o traficante.
Se o referido sujeito tem como atividade o tráfico de drogas, de onde ele tiraria o dinheiro para pagar as custas processuais? Isso mesmo, do tráfico. Se a origem deste dinheiro é o crime, seria lícito recebe-lo? Não se caracterizaria uma “lavagem de dinheiro”?
Por outro lado, os advogados que recebem altas remunerações destes criminosos, não estariam ferindo o código de ética ao receberem dinheiro oriundo do crime?
Nossa sociedade aceita sem questionamento tudo isso. Não se dá ao trabalho de sequer pensar no assunto, parece que nada disso existe e quando vem a público demonstra surpresa como se fosse à primeira vez.
Esses são alguns exemplos do que ocorreu durante este ano, da nossa hipocrisia ao tratar de assuntos sérios que mereceriam mais reflexão, mais dignidade nas suas soluções. Assuntos que são, na realidade, da natureza humana e que não deveriam ser colocados para debaixo do tapete como se nunca tivessem ocorrido ou tratados como uma aberração quando transbordam para a esfera pública.

sábado, 5 de novembro de 2005

Moral e Cívica

Todas as vezes que vejo coisas como as que estão acontecendo volto no tempo e lembro da minha época de escola.
Lembro que todos os dias, antes de irmos para a sala de aula, cantávamos o Hino Nacional e outro qualquer, dependendo da época. O primeiro aluno hasteava a bandeira e, em silêncio e em ordem, íamos assistir nossa aula. Talvez por isso até hoje sinto um arrepio e lágrimas nos olhos toda vez que ouço o Hino.
Lembro que quando algum professor entrava na nossa sala, em sinal de respeito, levantávamos. Ao final das aulas recolhíamos o lixo que estava na gaveta embaixo da mesa e jogávamos no cesto. Pedíamos por favor, dizíamos dá licença, desculpe-me, entre outras coisas.
Mais tarde, no ginasial, o uniforme era exigido, tinha que ser igual para todos. Tínhamos aulas de moral e cívica.
Ai acabaram com tudo isso. Primário virou fundamental, ginasial virou ensino médio. Professor virou tio, uniforme é cada um por si. Desculpe, por favor, dá licença, saíram do dicionário. A moral foi pro brejo e a civilidade acompanhou.
Agora, o que se vê é deputado, senador a querer bater no presidente. Todo mundo xinga todo mundo, com todo o respeito a vossa excelência. O nobre deputado é um ladrão, vossa excelência tem mãe na zona, com todo o respeito. Com todo o respeito saem no tapa em plenário.

Talvez devessem obrigá-los a formar diante do Congresso, todos os dias, cantar o Hino Nacional e, formadinhos, como na escola pública do meu tempo, seguirem para suas mesas para fazerem suas lições, em silêncio e em ordem.
Aprenderem moral e cívica, aprenderem hierarquia. Aprenderem a respeitar os mais graduados, os mais velhos e quem sabe até, aprenderem a respeitar quem os elege e paga seus salários.

segunda-feira, 12 de setembro de 2005

Crise Ética

Embora a crise brasileira esteja sendo tratada como política, trata-se, na verdade, de uma crise ética. Crise esta que nossa sociedade vem enfrentando desde muito tempo ou até de sempre.
Esta semana fatos revelaram como se trata de acordo com as conveniências o que é ético ou não.
Em artigo do jornal O Globo, de 10/09/2005, noticiava-se:

... - Não podemos ter uma sessão dirigida por Severino. Desde que ele se comprometa a não presidi-la, vamos manter a sessão para votar a cassação de Roberto Jefferson — advertiu o líder da minoria, deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA).

Mas um “afastamento branco” (como uma licença médica) interessaria apenas a Severino e ao PFL, já que o deputado José Thomas Nonô (PFL-AL) assumiria o comando da Casa. Os demais partidos de oposição exigem a renúncia de Severino, para realização de nova eleição...

11/09/2005 - 12h32m

Severino descarta afastamento temporário por licença médica
Globo Online BRASÍLIA
O presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti, negou neste domingo a possibilidade de pedir um afastamento temporário por meio de licença médica do cargo. - Eu (estando) doente já saí do hospital. Não vou agora adoecer de novo para deixar de cumprir com minha obrigação para com a população e com a Câmara dos Deputados - afirmou. Severino garantiu ainda que irá presidir todas as sessões da Câmara. O deputado concede uma entrevista coletiva à imprensa, em Brasília.

O fato de ser cogitado “um afastamento branco” através de uma “licença médica” por si só já indicaria uma grave falta de ética, ou decoro como preferem, por parte do Presidente da Câmara, bem como de seus pares, que o sugerem, tendo em vista que forjar uma licença médica se constitui fraude, se constitui crime.

Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrito, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa, se o documento é particular.

Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.
Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem:
§ 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.

O uso deste expdiente tem sido feito em grande escala. Hora são convidados a depor em CPIs, ora são convidados a depor na PF, todos se declarando clinicamente impedidos de comparecerem para depor.

Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302:
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.

Por sua vez, o médico que atesta o impedimento clínico para o comparecimento, também incorre em crime de falsidade de declaração. Deveria ter seu diploma posto em julgamento pelo órgão de classe, além é claro de sofrer as penas da lei.

Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso:
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano.

Este expediente, infelizmente é usado indiscriminadamente por todos os segmentos da sociedade brasileira. Desde a falta ao trabalho até uma “segunda chamada” em provas escolares, o atestado médico é usado de forma escancarada. Sabidamente sujeito a falsidade ele é aceito com reservas, dando-se um “crédito” ao mesmo somente pela impossibilidade de sua contestação.

O que chama a atenção é o fato da mídia, dos políticos, dos “formadores de opinião” tratar este fato como coisa natural, como estratégia válida para se fugir de uma situação indesejada.

Passou sem nenhum comentário, sem nenhuma contestação.
De tão comum, este expediente, não causa o mínimo constrangimento seu uso nem sua indicação como álibi.


domingo, 7 de agosto de 2005

Casa das Profissionais Imaculadas

Com mais de vinte anos de bons serviços prestados aos cidadãos de sua cidade, conhecido como Prostíbulo da Trepadeira, se orgulhava de ter em seus quadros moças de fino trato, de variadas raças, credos e cores, como era descrito em seus panfletos de propaganda, entregues de mão em mão aos jovens e senhores daquela pequena, mas honesta cidade.
Em outra cidade do interior havia uma casa de prostituição, que durante décadas servira aos senhores e jovens, com as mais discretas, seletas, cultas, inteligentes profissionais. Era o Prostíbulo das Servidoras Ditosas de Biricurí.
Os dois prostíbulos ficavam a pouca distância um do outro, embora em cidades diferentes, mesmo assim não tinham contato um com outro, não se misturavam.
O primeiro sempre lutou com dificuldades para se manter, enquanto o outro tinha a elite de sua cidade como freguesia, o que lhe garantia lucro certo e apoio quando das intervenções policiais.
Durante anos o Prostíbulo das Trepadeiras tentou mudar-se para Biricurí, sem sucesso. Algumas vezes chegou bem perto da mudança, mas sempre esbarrava, no último momento, em alguma coisa. E as Ditosas de Biricurí continuavam hegemônicas.
Certo dia, os jovens e senhores de Biricuri amanheceram com vontade de mudanças. Já estavam cansados da mesmice das programações oferecidas no Prostíbulo das Senhoras Ditosas de Buricurí e resolveram ajudar na mudança do Prostíbulo das Trepadeiras para sua cidade. A mobilização foi grande e, depois das muitas tentativas anteriores as Trepadeiras, enfim, se mudavam para Biricurí.
Mesmo ajudando, durante algum tempo, os homens de Biricurí ficaram temerosos com as meninas do Prostíbulo das Trepadeiras, eles não as conheciam. Mas sua programação, às vezes com as mesmas características das Ditosas, como não poderia deixar de ser, foram deixando os senhores de Biricurí mais a vontade. Com isso as Trepadeiras começaram a crescer e, seu crescimento começou a incomodar.
O crescimento rápido e inesperado trouxe para junto, personagens pouco honrados que viam no crescimento desta casa uma oportunidade de enriquecer. A casa estava na moda, os senhores distintos de Biricurí a freqüentavam, nenhum local era mais propício para um bom negócio.
O Prostíbulo das Trepadeiras foi transformado em local para suas reuniões. Negócios foram feitos.
Como se diz, o negócio só é bom quando agrada aos dois lados. Quando alguma das partes se sente prejudicada ou preterida torna-se perigosa, torna-se inimiga. Morde.
Não demorou muito e foi o que aconteceu. Um desses parceiros sentiu-se abandonado, sentiu-se traído e, resolveu agir.
Conhecedor dos gostos dos senhores honrados de sua cidade não seria difícil achar uma maneira de prejudicar o Prostíbulo das Trepadeiras.
Não precisou pensar muito. Espalhou por toda a cidade que as profissionais do Prostíbulo das Trepadeiras não eram virgens.
Indignação geral! Corre-corre! Desmentidos!
O Prostíbulo das Trepadeiras acabou levado diante da Casa das Profissionais Imaculadas, entidade que zela pela transparência das atividades das profissionais da cidade.
Juntaram-se membros das Ditosas de Biricurí, das próprias Trepadeiras – para dar mais veracidade às apurações -, as avulsas e as vivandeiras de quartel para julgar a procedência das denúncias.
Toda a Casa das Profissionais Imaculadas muito surpresa e indignada por não serem mais virgens as Trepadeiras, iniciou seu trabalho.
Muitas denúncias chegavam, muitos documentos provando envolvimentos, quebras de sigilo médico-ginecológico, até que, alguém aparece com uma nova revelação: as Profissionais do Prostíbulo das Senhoras Ditosas de Biricurí também não eram virgens.
Mas isso era um outro caso. Uma outra história. Não mereceria ser levado em conta. As Senhoras Ditosas já não eram as principais servidoras dos senhores e jovens da cidade. Estavam em segundo plano. Era passado.
As discussões ficaram cada vez mais acaloradas, com acusações de ambos os lados.
Durante semanas as reuniões se sucederam, cada vez mais tensas.
Após vários meses os trabalhos parecem chegar ao fim.
Tensão na cidade. Expectativa entre os homens de Biricurí.
Reunidos os membros da Casa das Profissionais Imaculadas para dar a sentença. Levanta-se a Profissional mais antiga, pega um papel em cima da mesa e lê a sentença.
- Uma Pizza Calabresa, duas Pizzas Portuguesa...

quarta-feira, 11 de maio de 2005

Sexo Explícito

Órgãos sexuais brotavam por todos os lados.
Seria impossível deixar de sentir o cheiro ou ouvir seu som por todo o ar.
Cenas de sexo explícito em todo o parque.
O namorado, com todo amor, oferecia à sua amada.
O devoto, com todo ardor, oferecia ao seu santo padroeiro.
A moça elegante exibia, com todo orgulho, o que havia ela própria escolhido.
A velha senhora ajeitava em cima da mesa.
No velório, todo despedaçado, era jogado sobre o defunto.
Quem de nós ainda não deu ou recebeu, cultivou ou apenas observou?
Quem de nós ainda não parou, em um dia lindo de sol, para sentir o cheiro de sexo por todos os cantos? Para ouvir seu som reconfortante?
Quem de nós ainda não ofereceu flores? Ou parou para escutar o canto de um pássaro?
Sem prestar a atenção de que essa é a forma da natureza fazer sexo!

quarta-feira, 4 de maio de 2005

Politicamente Correto

Segundo a cartilha de expressões politicamente corretas, elaborada pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos, algumas palavras como palhaço, comunista, negro, barbeiro, veado, baitola (recomenda-se o uso da palavra gay – mas isso não é estrangeirismo?), baianada, louco e expressões como “a coisa ficou preta”, são consideradas pejorativas.
Como diria o velho Chico: “a coisa aqui está preta”. Ou seria mais correto dizer:
Como diria o idoso Francisco: a coisa aqui está, está... Está negra. Ou seria afro-descendente?
Aidético não pode, tem que ser portador de HIV, mas diabético pode.
Anão não pode, mas baixinho pode.
Careca pode, mas deveria ser desprovido de cobertura capilar.
Bicha não pode, mas entendido pode.
Entendido não é o sujeito que entende de algum assunto? Então, o entendido em, por exemplo, política, é um político gay?
Ladrão não pode, porque ladrão é coisa de pobre. Rico é corrupto. Como não existe corrupto pobre, ele não deve ser chamado de ladrão. O corrupto ficaria ofendido. E te processaria por preconceito.
Gilette não pode, tem que ser bissexual.
Ao fazer a barba use bissexual. Mais conforto no seu barbear!
Que me perdoe o Stanislaw, mas isto está virando o samba do afro-descendente deficiente mental.

quarta-feira, 27 de abril de 2005

Palavras do Presidente

Certamente a palavra do Presidente é coisa para se levar em consideração. Sendo assim, como bom brasileiro que sou estou procurando a melhor forma de “levantar meu traseiro” e fazer alguma coisa.
Estou tentando, mas não é coisa fácil.
Não que meu traseiro seja grande, muito pelo contrário, até que é bem magrinho meio que normal. Bem menor, claro, do que o dele, que é um traseiro presidencial. E isso é que me impulsiona, se ele conseguiu, por que eu não haveria de fazê-lo?
Aliás, em matéria de traseiros, nossos governos têm variado bastante. Tivemos o do Figueiredo, do Delfim, verdade seja dita tivemos também o do Marcos Maciel – esse o mais fácil de levantar de todos – temos o do Zé Alencar que não fica a dever a nenhum, nem mesmo ao do Presidente, o do outro Zé. E o do Mercadantes? Este, também, bastante fácil de levantar.
Olhando com carinho veremos muitos brasileiros que mesmo querendo não têm condições de levantar o traseiro por pura infelicidade. São aqueles que por força da situação em que se encontram nem mesmo sentar está podendo, são os pobres coitados que levaram um pé no traseiro e perderam o seu assento.
Existe a turma que segue firme com a palavra do Presidente, por exemplo, aquela turma que ficou na fila do concurso da Comlurb, no Rio. Êta turma boa! Levantaram o traseiro bem cedo e foram enfrentar uma fila quilométrica. Tem aqueles que levantam o seu no dia anterior só para conseguir uma consulta no posto de saúde. É verdade que passam a noite toda com ele no chão da rua, mas ninguém é de ferro e precisa de uma descansadinha vez por outra.
Como já disse antes, sou bom brasileiro e farei tudo para seguir a sugestão do Presidente. Minha única preocupação é a de que, ao levantar meu traseiro, alguém ocupe o meu lugar e acabe em pé.

quinta-feira, 10 de março de 2005

A mariposa e a janela

Uma mariposa voava tranquilamente pelo mundo quando se deparou com uma casa toda iluminada.
Aproximou-se e viu uma imensidão de luzes que brilhavam intensamente. Aquele brilho todo despertou nela o desejo de estar lá dentro, perto das lâmpadas, de seu calor, dentro daquela casa protegida da chuva, do frio, dos inimigos naturais. Voou em volta da casa até achar uma janela aberta e poder entrar. Tudo o que mais desejava estava, agora, ao alcance de suas asas. Casa, comida, proteção, tudo estava ali. “Então, pra que ficar lá fora?”
Passado alguns dias, a mariposa em um de seus vôos pela casa aproximou-se de uma janela. Chegou perto e viu um mundo do outro lado. Um sol brilhante, muitas flores, um campo infinito para seus olhos. “Por que ficar aqui dentro se existe um mundo me esperando lá fora?” Perguntou ela pra si mesma. Tentou sair, mas não conseguiu. Tentou, tentou, tentou várias vezes e nada, o vidro da janela impedia sua passagem para àquele mundo maravilhoso que estava diante de seus olhos. Tão perto e tão longe.
Continuou insistindo e sempre batia no mesmo vidro. Esvoaçou por longo tempo até cansar suas asas. Após um breve descanso reiniciou sua tentativa, novamente em vão.
Ficou assim por um longo tempo.
Em seu desespero ela não conseguia perceber que logo ali, bem ao lado, a uma asa de distância, uma outra janela se apresentava escancarada, pronta para sua liberdade.
Algumas vezes somos iguais à mariposa, nas nossas buscas infindáveis, ficamos batendo a cabeça no vidro de nossas atitudes e não percebemos que se dermos um passo para o lado encontraremos as soluções de nossos problemas.

sexta-feira, 4 de março de 2005

A ética do bem-te-vi - Conivência ou conivência

"Vigie seus pensamentos, porque eles se tornarão palavras. Vigie suas palavras, porque elas se tornarão atos. Vigie seus atos, porque eles se tornarão seus hábitos. Vigie seus hábitos, porque eles se tornarão seu caráter. Vigie seu caráter, porque ele será o seu destino."
(autor desconhecido)
O ponto básico do conteúdo ético de uma sociedade são os valores eleitos por esta, como necessários ao convívio de seus membros. Conjunto mínimo de valores, sem o qual uma sociedade perde sua característica democrática, onde cada um tem sua regra, faz o que bem entende.
A sociedade brasileira teve em alguns momentos valores éticos discutíveis. Tivemos a famosa “lei de Gerson”, onde levar vantagem era o mais importante. Tivemos o “rouba mas faz”, onde se tolerava o dirigente que desviava verbas mas apresentava algumas obras, alguns pequenos feitos para a sociedade.
Hoje se discute a convivência de dirigentes comunitários com o tráfico de drogas, o “caso Willian”.
Até que ponto um dirigente comunitário que lida diretamente com o problema de violência, tráfico de drogas, pode ou deve envolver-se com a cúpula do tráfico de sua área?
Até que ponto esse envolvimento não caracteriza uma conivência?
Até que ponto a sociedade tolera esse envolvimento? Até que ponto a sociedade está conivente com esse comportamento?
Para alguns, a necessidade da convivência reforça o direito de usufruir dos benefícios, oriundos do tráfico, desde que estes se destinem ao bem estar da comunidade. Dizem que, se os governos, as autoridades não conseguem dar apoio e segurança, a convivência pacífica da comunidade justifica a troca de benesses entre esta sociedade e os criminosos. Um toma-lá-dá-cá “ético” entre seus membros.
Por outro lado, há os que defendem que a troca de favores entre um líder comunitário e um traficante, caracteriza a conivência. Constitui-se crime.
As leis de um país acompanham o desenvolvimento ético de sua população. Mudam de acordo com os interesses e necessidades desta sociedade. Enquanto esta não mudar suas necessidades e seus interesses, suas leis permanecerão inalteradas. O seu consenso ético permanecerá o mesmo.
A sociedade brasileira, embora algumas vezes condescendente, ainda mantém inalteradas suas regras éticas. Consequentemente suas leis.
Portanto, um erro ainda não justifica outro.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2005

Quando acordar eu escrevo

Não tem coisa mais irritante do que voce sentar-se à frente do computador, prepara seu espírito para escrever e...
....não sai nada!!!!
Voce até sabe sobre o que quer escrever. Tem todo o clima, está tudo calmo à sua volta mas o assunto não se desenvolve.
Voce escreve a primeira linha, apaga!
Escreve novamente. Novamente voce apaga tudo.
Não resta outra solução: vamos desligar tudo e amanhã eu volto!
Sai do programa, desliga o computador, espera o Windows finalizar, desliga o estabilizador.
Guarda toda a traquitana que está em cima da mesa, coloca as capas no monitor, no teclado, na cpu.
Pronto! Agora vou dormir.
Escova os dentes, prepara a cama, deita.
O sono não vem.
Rola de um lado para o outro e nada.
Já que não consegue dormir começa a colocar seu dia em ordem.
Passa e repassa seus movimentos, um por um.
No meio da noite, sem que voce se aperceba aquele texto que voce tentou tanto escrever, se apresenta claro em sua mente.
Tudo passa diante de seus olhos com tanta facilidade que voce tem vontade de levantar e escrever.
Mas que preguiça! Agora que já estou deitado, que já achei a melhor posição, que a cama está quentinha!
Voce pensa: "Melhor deixar para amanhã, está tudo tão claro. Quando acordar eu escrevo."
Voce dorme!
Finalmente.
No dia seguinte voce lembra. O assunto ainda está tão claro. O texto está alí, na sua frente.
Levanta, nem toma café.
Está tudo ali. É só escrever.
Não dá para esperar.
Liga o computador, espera o Windows inicializar.
Puxa o teclado para perto de voce e...
...cadê o texto?
Onde foi parar toda aquela história que estava tão clara até agora?
Olha debaixo do teclado. Procura no chão, nas gavetas.
Não acredito.
Vai começar tudo de novo?!

terça-feira, 25 de janeiro de 2005

quitanda


por do sol


Conversa de maluco

Sempre dei conversa pra maluco. Não sei se me identifico com eles ou se é porque em suas conversas sempre sai algo de bom.
Uma vez, estava parado no ponto de ônibus quando um deles parou ao meu lado. Mesmo parado ele continuava a fazer movimentos como se estivesse andando. Olhou pra mim e disse que era o Super Homem, que estava disfarçado.
Parou, completamente, por um momento.
Olhou novamente e disse:
- "Paciência demais não é paciência. É acomodação".
E continuou seu caminho.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2005

Saudades

Há alguns dias, bateu forte uma saudade de um Rio de Janeiro que ficou pra trás, ao trocar emails com amigos.
Lembrava eu, dos tempos em que passávamos a madrugada, na esquina da minha rua, olhando balão e jogando conversa fora.
Da quitanda do seu Manoel, da manteiga tirada da lata e embrulhada no papel manteiga e que iria ser passada generosamente no pão quentinho, comprado na padaria Chave do Rio, na hora do lanche, cortado em dedinhos e molhado no café com leite. Do leite em garrafa, CCPL da garrafa comprida ou Vigor da garrafa baixinha e bojudinha.
Das férias na Ilha do Governador, dos flamboiãs das ruas da Freguesia.
Do apito do guarda noturno, que garantia que estava tudo em paz.
Do jogo de bola na rua, em tardes de chuva.
Do doce de batata doce, da bala boneca, comprada no botequim do seu Jacinto.
Do baile matine do Tijuca Tenis Club.
Da missa das 18h, a missa da paquera na Igreja S. José. Da paquera na porta do Colégio Misericórdia, o Miserinha, longe dos olhares das freiras que nos punham pra correr.
Da banana split tomada no Café Palheta, na Saens Pena, depois da sessão de cinema no Olinda, no América, no Metro-Tijuca ou no Carioca. O Tijuquinha era o poeira e ninguém ia, não a garotada!
Saudades de um Rio que está vivo na memória mas não nos olhos.
Por que lembrar de tudo isso? Não sei. Talvez por pensar que essa poderia ser a grande herança que deixaria para meus filhos mas não conseguirei.
Talvez por me perguntar onde foi que errei, onde foi que minha geração errou?
Talvez para pedir desculpas por ser tão egoista que fiquei com todas estas lembranças só pra mim.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2005

Conspiração

Quem me conhece bem sabe que não costumo dar asas a imaginação e muito menos dar atenção as teorias de conspiração que rolam por ai, muito menos contra os EUA.
Dito isto: na semana passada, lendo a seção cartas do leitor, de O Globo, topei com uma que falava sobre a tragédia do dia 26/12. Nela, o missivista (pra quem não sabe: é o cara que envia a carta- hehehe!!!), falava na existência de uma base militar americana e inglesa na zona atingida, mais precisamente na ilha Diego Garcia, no arquipélago Chagos. Esta base aeronaval é quem distribui as tropas para a guerra do Iraque e, segundo fontes oficiais americanas, nada teria acontecido a base. Alegam que devido a quantidade de corais a formação geológica da ilha e a profundidade do mar, a força das ondas foram diminuídas e nada aconteceu.
Eu, que não gosto de fofoca e muito menos de conspirações, passei a madrugada toda tentando arregimentar provas a favor das fontes oficiais americanas. Os pobres coitados estão sendo acusados de não terem avisado, aos 226 mil que morreram, que uma tragédia estava para acontecer. De terem uma base eqüidistaste do epicentro do terremoto tanto quanto o Sri Lanka, equipada com radares para captar explosões e terremotos nas profundezas do oceano, presença de submarinos na área, estação metereológica, etc e não sofrerem a mesma tragédia por serem privilegiados pelo Pai Eterno.
Se vcs quiserem o endereço com a animação do tsuname esta em:
http://cellar.org/2004/animation.gif ou em
http://msnbc.msn.com/id/6786984/ onde está mais fácil de identificar o arquipélago.
As conclusões são, claro, livres.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2005

Preliminares

A minha intenção é colocar neste espaço um pouco de tudo. Da experiência ao sonho, da realidade ao imaginário. Tudo que for útil e inútil mas que faça algum sentido. Mesmo que o sentido não faça sentido algum. Uma perfeita quitanda, onde encontra-se, sempre, um pouquinho de cada coisa.