quarta-feira, 9 de abril de 2014

Pesquisa e Manipulação



Muitas vezes me perguntam se as pesquisas são manipuladas. Respondo sempre que sim e não. Depende de quem e, para que as usam.

Explico:

Uma mãe pergunta a seu filho:

- Você almoçou?

- Almocei. Responde ele.

- Comeu tudo?

- Sim.

Uma colher de arroz ou quatro? Um bife ou um coração de frango? Uma salada completa ou uma ervilha? Qualquer dessas situações responderia a pergunta única. Sem que houvesse uma “mentira”.

Almoçou o que? Comeu quanto?

Feitas mais essas duas perguntas, e toda a informação desejada será respondida.

Caso contrário, o filho poderá ter comido o suficiente para se alimentar ou não. E, ficará por conta da mãe, entender o que lhe convier.

Com as pesquisas se dá o mesmo.

Na coleta de dados, sempre, todas as variáveis são questionadas. Na hora da análise desses dados, todos são avaliados e quantificados.

Na hora da divulgação, caberá a mídia – nas pesquisas políticas em particular – usar os dados que lhes convém.

Na última pesquisa Datafolha, foi exatamente isso que aconteceu. Foram divulgados números desfavoráveis a candidatura Dilma, com queda de seis pontos percentuais, mas, forma omitidas as outras variáveis que compunham o quadro geral. No dia seguinte, com a divulgação do restante dos resultados, descortinamos um quadro totalmente diferente do que sugeria a primeira informação.

A queda realmente existiu, mas, o quadro se manteve o mesmo das pesquisas anteriores. Essa queda, não significou uma alteração nos números de seus concorrentes diretos, Aécio e Campos. Pelo contrário, eles permaneceram estacionados.

A simples divulgação de uma queda nas pesquisas levou a maioria das pessoas, a imaginar que os candidatos de oposição estariam subindo e, passariam a incomodar ou ameaçar a reeleição.

Essa “parada estratégica” na divulgação da totalidade dos dados pode ser considerada uma manipulação, pois mascara, em um primeiro momento, o real quadro. Ao mesmo tempo, não caracteriza essa intenção. Aquele que obteve a informação inicial terá a sensação da queda. Se ele acompanhou o noticiário, posteriormente, pode desfazer a primeira impressão. Se não o fez, a primeira foi a que ficou.

E assim, de “parada estratégica” em  “parada estratégica”,  vamos nos mal informando e acreditando no que os “formadores de opinião” nos enfiam pela goela abaixo.