Há alguns dias, bateu forte uma saudade de um Rio de Janeiro que ficou pra trás, ao trocar emails com amigos.
Lembrava eu, dos tempos em que passávamos a madrugada, na esquina da minha rua, olhando balão e jogando conversa fora.
Da quitanda do seu Manoel, da manteiga tirada da lata e embrulhada no papel manteiga e que iria ser passada generosamente no pão quentinho, comprado na padaria Chave do Rio, na hora do lanche, cortado em dedinhos e molhado no café com leite. Do leite em garrafa, CCPL da garrafa comprida ou Vigor da garrafa baixinha e bojudinha.
Das férias na Ilha do Governador, dos flamboiãs das ruas da Freguesia.
Do apito do guarda noturno, que garantia que estava tudo em paz.
Do jogo de bola na rua, em tardes de chuva.
Do doce de batata doce, da bala boneca, comprada no botequim do seu Jacinto.
Do baile matine do Tijuca Tenis Club.
Da missa das 18h, a missa da paquera na Igreja S. José. Da paquera na porta do Colégio Misericórdia, o Miserinha, longe dos olhares das freiras que nos punham pra correr.
Da banana split tomada no Café Palheta, na Saens Pena, depois da sessão de cinema no Olinda, no América, no Metro-Tijuca ou no Carioca. O Tijuquinha era o poeira e ninguém ia, não a garotada!
Saudades de um Rio que está vivo na memória mas não nos olhos.
Por que lembrar de tudo isso? Não sei. Talvez por pensar que essa poderia ser a grande herança que deixaria para meus filhos mas não conseguirei.
Talvez por me perguntar onde foi que errei, onde foi que minha geração errou?
Talvez para pedir desculpas por ser tão egoista que fiquei com todas estas lembranças só pra mim.
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