quarta-feira, 13 de junho de 2007

Sexo, Sensualidade e Publicidade

sexo (cs) sm. 1. Conformação particular que distingue o macho da fêmea, nos animais e vegetais, atribuindo-lhes papel determinado na geração. 2. Conjunto dos que são do mesmo sexo. 3. Sensualidade, volúpia. 4. Brás. Os órgãos genitais externos. § sexual (cs) adj.

sensualidade sf. 1. Qualidade de sensual. 2. Intenso prazer sexual; lubricidade, luxúria.

(Minidicionário da Língua Portuguesa – Buarque de Holanda Ferreira, Aurélio. Ed. Nova Fronteira)


Ali andavam entre eles três ou quatro moças, bem novinhas e gentis, com cabelos muito pretos e compridos pelas costas; e suas vergonhas, tão altas e tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as nós muito bem olharmos, não se envergonhavam”.
“Também andavam entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam mal.
”.
(A Carta de Pero Vaz de Caminha - Edição de base: Carta a El Rei D. Manuel, Dominus : São Paulo, 1963.)

Costuma-se contar que houve três judeus que influenciaram muitíssimo o curso da História: Jesus Cristo, para quem tudo era amor; Albert Einstein, para quem tudo era relativo e Sigmund Freud para quem tudo era sexo. E é bem provável que os instintos sexuais, frustrados pela nossa civilização e a estrutura sociológica, estejam na raiz de quase tudo que fazemos.
O apelo ao sexo é muito notório em grande parte das mensagens publicitárias de todo o mundo. Em todas as culturas, em todos os países, de alguma forma a sexualidade, a sensualidade é explorada na venda de algum produto. Alguns aceitam com mais parcimônia outros com mais censura, mas em toda parte este é, sem dúvida alguma, um dos maiores filões para a criatividade do publicitário. E não havia de ser de outra forma já que tudo gira à volta da sexualidade, do dinheiro e do poder.
Basta folhear as páginas de um jornal ou de uma revista para se perceber imediatamente que os publicitários apostam no libidinoso como veículo de estímulo ao desejo de compra dos produtos anunciados.
(...) é o sexo que faz andar o Mundo. Então porque não há de fazer andar a Publicidade?" (João Nunes, Euro.RSCG – entrevista a revista Prisma)
(...) “Quer os politicamente corretos queiram ou não, o sexo vende (-se)! E a razão deste "sussexo" está na mente humana, o sexo ocupa um grande espaço na cabeça de cada um de nós: consumidores, clientes, publicitários."... (Nuno Duarte Silva, Bates Portugal – entrevista a revista Prisma).
Mensagens publicitárias propositadamente sensuais ou eróticas se tornaram lugar comum nos dias de hoje. O sexo está sempre em primeiro lugar nas nossas vidas mesmo que assim não nos pareça. para vender desde um elementar Häagen-Dazs, com a frase «Dedicated to pleasure» que acompanhou um casal que explode de apetites vários, indeciso entre qual deve saciar primeiro; se o prazer imediato do gelado ou a satisfação da união dos corpos à um clássico modelo da Volvo, o C70, que utilizou o título «Safe Sex» (Sexo Seguro) para garantir a segurança da máquina e insuflar na malícia do observador a fantasia de um espaçoso quarto de motel.
Numa olhada atenta pelas páginas de publicidade impressas em revistas femininas e jornais, rapidamente se percebe que os publicitários de hoje estão se utilizando da libido dos cidadãos como veículo de estímulo ao desejo de compra.
A civilização quer reabilitar todas as imagens associadas à utopia romântica. Os anúncios tendem a invadir a nossa esfera íntima, porque o mercado conseguiu essa coisa espantosa: convencer-nos de que para a nossa esfera íntima funcionar melhor, temos de adquirir determinados bens de consumo”, (Júlio Machado Vaz, sexólogo).
Assistir a anúncios que nos fazem sentir um grande desejo, ou que despertam a nossa sensualidade, acontece cada vez mais freqüentemente. Qualquer pretexto comercial parece lícito para simular a arte milenar do prazer físico.
Qualquer das fases desse prazer, desde o namoro, passando pelos beijos inocentes ou os dedos em cheio na boca, até à escolha transgressora do «ménage à trois» e do entrelaçado de corpos, com leve ar de orgia são dignos de ser fotografados.
Nem mesmo as ligações homossexuais foram esquecidas. Da mesma forma como conseguiu a Benetton, que apostou em fazer aceitar as diferenças, através das controversas fotografias de Oliviero Toscani, nas quais o padre beijava uma freira e a mãe africana amamentava a criança européia, também a Dolce&Gabbana fotografou um casal de lésbicas romanticamente em um fim de tarde.
Nestas campanhas, é pouco relevante o que se anuncia. Tratar-se de roupa, perfumes ou apenas de um estilo de vida, pouco importa. O que interessa é fazer com que, em breves instantes, os olhos do leitor procurem decodificar a insinuação da fotografia, se detenham no nome da marca e o levem na memória quando forem às compras.
Grande parte dos produtos que hoje se embrulham neste erotismo publicitário destinam-se ao público feminino. Este desvio no público alvo não exclui o consumidor masculino como motivador da compra. Ou seja, a mulher é seduzida a comprar para o homem.
De uma coisa não restam dúvidas, o erotismo e os jogos de sedução a ele associado, quando fotografados ou filmados por bons profissionais, captam a atenção, chocam porque é esse o objetivo, e vendem seja o que for.

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