segunda-feira, 28 de maio de 2012

Não defendo ninguém mas...



Reportagem da revista Veja dessa semana, relata um encontro de Lula com o Ministro Gilmar Mendes, do STF, no escritório de advocacia do ex-Ministro Nelson Jobim, em Brasília, onde o ex-presidente teria dito que o julgamento em 2012 é "inconveniente" e oferecido a Gilmar, proteção na CPI do Cachoeira, onde a maioria é governista. O Ministro Gilmar Mendes mantem relações estreitas com o senador Demóstenes Torres (sem partido, GO), acusado de envolvimento com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Segundo a revista Veja, Gilmar Mendes teria confirmado o teor dos diálogos e se disse "perplexo" com as "insinuações" do ex-presidente que teria perguntado a ele sobre uma viagem a Berlim, (sobre boatos de um encontro do ministro do STF com Demóstenes na capital alemã, pago por Cachoeira).
Lula teria manifestado preocupação com o ministro Ricardo Lewandowski, e dito que acionaria o presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência, Sepúlveda Pertence, ligado à ministra do STF Carmen Lúcia, para que também apoiasse o adiamento do julgamento para 2013.
Jobim disse, segundo o Estadão, sem entrar em detalhes, que na conversa foram tratadas apenas questões "genéricas", "institucionais". E que em nenhum momento Gilmar e o ex-presidente estiveram sozinhos ou falaram na cozinha do escritório, como relato da revista Veja. "Tomamos um café na minha sala. O tempo todo foi dentro da minha sala, o Lula saiu antes, durante todo o tempo nós ficamos juntos", assegurou. Disse ainda: “Estranho que o encontro tenha acontecido há um mês e só agora Gilmar venha se dizer indignado com o que ouviu de Lula”.
O jornal Correio do Brasil também desmentiu o que publicou a revista Veja. Segundo o jornal, foi o ministro do STF, Gilmar Mendes, quem pediu o encontro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 26 de abril.
Segue o Correio do Brasil: “Ainda segundo a reportagem de Veja, Lula teria procurado, em seguida, o presidente do STF, ministro Carlos Ayres Britto, que negou ter havido qualquer contato com o ex-presidente, exceto em um recente almoço no Palácio do Alvorada”.
O Ministro Sepúlveda Pertence questionado negou ter sido acionado para que intercedesse junto a Ministra Carmem Lúcia: "Não fui procurado e não creio que o ex-presidente Lula pretendesse falar alguma coisa comigo a esse respeito".
Aí começam a entrar os “achistas” de plantão:
Em reportagem ao site Consultor Jurídico o decano do Supremo Tribunal Federal, ministro Celso de Mello disse: “Se ainda fosse presidente da República, esse comportamento seria passível de impeachment por configurar infração político-administrativa, em que um chefe de poder tenta interferir em outro”.,. ...“É um episódio anômalo na história do STF”.
Ministro julgando antecipadamente um caso onde não existem provas e nem processo, em cima do “SE”.  No mínimo o silêncio seria mais adequado.
Dito tudo isso, o jornalista Moreno, em seu site Rádio do Moreno, tenta confirmar a versão de Gilmar, mesmo após conversa com o ex Ministro Jobim. Diz ele: “Nelson Jobim, meu velho amigo de guerra, não ia me deixar na mão. Repito: como anfitrião, não poderia confirmar o escândalo. Mas me deu uma pista através de um controvertido depoimento. Inicialmente, me disse que a presença de Gilmar foi mera coincidência, do tipo “Ah, eu estava passando por aqui…”. Só que o próprio Jobim deixou escapar que o encontro fora marcado com três dias de antecedência. Logo, Gilmar sabia que, naquele horário daquela quinta-feira, Jobim estaria recebendo Lula. Então, não foi surpresa nem coincidência coisa nenhuma!”
Até concordo que não era surpresa nenhuma para o Jobim mas, daí a afirmar que tanto Gilmar Mendes quanto Lula sabiam da presença um do outro é pura especulação. Mesmo lendo nas entrelinhas como o jornalista gosta. Para ambos terem conhecimento de suas presenças, Jobim teria que tê-los avisado. O que não foi dito por Jobim mas, entendido nas entrelinhas por Moreno.
Para refrescar a memória, o Ministro Gilmar Mendes é o mesmo que, durante o governo Lula, protagonizou uma quase crise institucional ao ir ao gabinete da Presidência, acompanhado por nada menos do que o senador Demóstenes Torres, para acusar a ABIN de grampear seus telefones. E, que no decorrer das investigações da PF, concluir-se não haver grampo algum.
Hoje temos, de um lado a revista Veja, que tem ligações com Carlinhos Cachoeria, que tem ligações com Demóstenes Torres, que tem ligações com Gilmar Mendes, que acusa Lula (perdoe-me Drumond pelo plágio).
Esse é o disse-me-disse da política brasileira.
Quem está com a razão? Quem está falando a verdade? Nem o tempo dirá!

Nenhum comentário: