quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Lula e as Pesquisas

Trabalho com pesquisa de mercado e opinião há mais de quinze anos. Da entrevista de campo até montar meu instituto de pesquisa, passei por todas as etapas.

Sempre ouço ou leio a mesma coisa: Pesquisas são manipuladas, nunca fui entrevistado e coisas do gênero.

Muitas vezes, durante o campo, como chamamos as entrevistas, as pessoas abordadas nem sequer se dão ao trabalho de olhar no rosto daquele que a aborda, ignora, dá de ombros e segue seu caminho. Na certa achando que aquele que estava lhe abordando queria lhe vender ou pedir algo.

Mais tarde, quando o resultado de alguma pesquisa sai contrária a sua opinião, diz com todas as letras que nunca foi entrevistada, não conhece quem tenha sido etc. Com certeza, esta é uma das que deram de ombros ao sujeito que lhe abordou ainda há pouco na rua.

Outro erro cometido insistentemente é o de dizer que umas pequenas parcelas, cerca de mil e duzentas, duas mil pessoas são um número insignificante para se avaliar uma população de duzentos milhões. Nada disso: para se saber se um molho está salgado demais, não se bebe a panela toda, coloca-se um pouco na mão e se prova. Assim é a pesquisa. Uma pequena amostra nos dá a tendência do todo.

Estatística.

Quanto à manipulação de resultados, nunca acreditei nisso. Nunca vi isso. Pelo menos com quem trabalho e trabalhei.

É fácil se entender que certa novela deu cinqüenta e um pontos de “ibope” e acreditar em tal resultado. Isso também é pesquisa. Nunca fui entrevistado por nenhum pesquisador querendo saber sobre qual novela estava assistindo. Nem por isso deixei de acreditar no que informam. Eu sei que fazem pesquisas. E muita!

Qualquer Instituto de Pesquisa sério não direciona seus trabalhos. Escolhe aleatoriamente os locais onde se farão as perguntas. E, na rua, esta aleatoriedade continua. Tanto em pesquisa de fluxo quanto na domiciliar.

Não estou, de forma alguma, entrando no mérito do resultado das pesquisas sobre o Presidente Lula.

Nem quero. Esse é o lado político e não me interessa neste momento.

O que desejo é defender uma categoria de trabalhadores que fazem bem o seu trabalho. Com honestidade, dignidade, respeito. Uma turma que “rala” muito. Que leva muito “não” pela frente.

Que vê muita porta ser fechada na cara e não desiste.

E não merece ver seu trabalho tratado como uma fraude.

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