Nas últimas semanas estamos assistindo a manifestações por
todo o País e, principalmente, no Rio de Janeiro.
Não vou entrar no mérito das manifestações e nem nas suas
conseqüências políticas. O que me chama a atenção e é isso que quero comentar,
são os constantes quebra-quebras.
Se por um lado, me causa estranheza a inépcia da polícia em
identificar e prender os que participam dessa quebradeira, visto que é sua
função identificar, capturar e levar a justiça quem comete algum delito. Por
outro, me causa a mesma estranheza, os protestantes aceitarem em seu bojo,
pessoas cobertas de capuzes que, por não estarem identificadas, tanto podem ser
a favor, como contra.
Dirão alguns que tais movimentos não têm uma liderança e,
não a tendo, quem irá impedir suas aproximações? Se, andando na rua, num dia
comum, se aproximar de mim um camarada coberto até o último fio de cabelo,
certamente irei me afastar e, na insistência de aproximação, procurarei ajuda,
de amigos, de policiais. Por que não fazem o mesmo?
Pulando mais essa etapa, vamos aos furtos, saques, sei lá o
nome que dar.
Em todas essas manifestações, ao seu final, esse grupo
mascarado, quebra vidraças de bancos, lojas, carros, escritórios, destroem
placas de trânsito, câmeras de segurança, telefones e lixeiras públicas o
cacete. Pra mim, deixou de ser manifesto e virou vandalismo. Em qualquer parte
do mundo.
Não me lembro, na minha juventude, ao me rebelar contra uma
determinação de meus pais, de sair quebrando tudo em casa. No máximo um
resmungo e, entre os dentes. Se minha mãe visse esse tipo de protesto,
certamente o chinelo cantaria.
Protestar é legítimo. O que não é legítimo e legal (no
sentido de lei) é destruir o patrimônio público ou privado. Sobre qualquer
pretexto. Ao menos, não conheço nenhuma lei que de margens a interpretação de
legalidade a esses atos.
Nos últimos dias tenho lido em vários comentários na
internet que os manifestantes(?), que quebram vidraças, saqueiam lojas,
destroem bancos e tudo mais, estão apenas “desconstruindo símbolos”. Justificam
que seus “saques” são distribuídos..
Então tá.
Vamos continuar nossa cruzada em desconstruir símbolos.
Vamos propor que todos os manifestantes queimem junto, em
suas fogueiras de contenção, seus iPads, iPodes, seus tênis Nike, Adidas etc,
etc.
Vamos desconstruir todos os símbolos do imperialismo, da
opressão, do comunismo, do liberalismo, do fascismo, de todos os “ismos” que
incomodam alguém, em qualquer parte desse país. Não vamos nos importar se somos
um milhão no universo de duzentos e oitenta milhões, que talvez pensem um
pouquinho diferente disso que estamos pensando, que talvez tenham um pouquinho
desse direito de opinião que tanto reivindicamos, que talvez tenham direito de
transitar por aí sem sentir o tão agradável cheiro de queimado, de bomba de
gás, que talvez tenham um pouquinho de direito de discordar disso tudo. Que
talvez queiram apenas dormir em paz. Vamos ignorar todos estes milhões de
pobres coitados que não estão aqui em nosso manifesto.
Francamente!
Vamos respeitar o patrimônio particular e o que é de todos
os outros também. Talvez alguém não queira ver o que é seu desconstruído.
Afinal, tem mais duzentos e oitenta milhões de outros brasileiros que não estão
se manifestando e eu não sei o que eles estão pensando ou querem.
Não gosto de políticos, não gosto de política, mas ela me
fascina e sempre me fascinou. É um universo estranhamente fascinante, complexo,
sujo.
A política faz parte de nosso dia a dia, quer queiramos ou
não. Quer gostemos ou não. Ela existe e não pode ser defenestrada. Pode e deve
ser depurada. Mas não com pau e pedra, nem com golpe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário