sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Para você...



Para você que acha que é o centro do Universo,

Ainda não acharam o limite.

Para você que acha que é o único no Mundo,

Somos mais de sete bilhões no Planeta.

Para você que acha que sabe de tudo,

Ainda falta inventar muita coisa.

Para você que acha que não depende de ninguém,

O Mundo foi feito redondo para nos encontrarmos na outra ponta.

Para você que acha que comanda sua vida,

Na vida, somos sempre passageiros.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Data Venia



Em um empate, quem foi o melhor? Quem está com a razão? Quem detém a verdade?
Se, um colegiado de eméritos juízes, gente que passou a vida debruçado em leis e normas, mestres em direito, última e derradeira oportunidade de um acusado, não consegue chegar a um consenso, como posso eu, determinar onde está a razão?
Se, juristas, ex juízes, ex ministros, advogados, não conseguem chegar a um consenso, como posso, como leigo, dizer que esse ou aquele está certo, em um assunto tão complexo?
Não posso.
Posso tão somente, dizer o que penso.
Posso tão somente, expressar minha torcida para qualquer dos lados.
Somente isso.
Deter a empáfia de ser dono da verdade é, ao meu ver, querer me colocar acima do conhecimento das cabeças mais gabaritadas, no assunto, do País.
Eles não têm certeza. O empate demonstra isso.
O desempate para qualquer dos lados só irá mostrar que ali, no STF, prevaleceu uma linha de pensamento.
Somente isso.
A minha opinião, a da mídia, de todos os leigos, são apenas opiniões. Não refletem a verdade absoluta. Pode refletir a vontade de muitos, pode refletir a vontade de todos.
Somente isso.
Justiça e vingança estão muito próximas.
Uma vez na história, um juiz colocou para à opinião pública a decisão de uma sentença.
Ganhou Barrabás!

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Um fato na teoria do fato



Houve um tempo em que, em minha casa, morava minha mãe, minha irmã, eu e mais um irmão de criação.
Em uma ocasião qualquer, minha mãe fez alguns pastéis para comermos, nos fartamos e, sobraram exatamente três pastéis. Como em todas as casas, o prato com esses pastéis foi para a boca da panela, tampa por cima.
Horas depois, perguntei à minha mãe se poderia comer mais um. Claro! Respondeu ela.
Lá fui eu pegar mais um pastel e, surpresa! Não havia mais nenhum, só o prato na boca da panela.
Minha mãe pergunta para minha irmã se ela havia comido os pastéis. Não, disse ela.
Chama meu irmão de criação e faz a mesma pergunta. Mesma resposta.
A cada um questionado, a tampa era levantada do prato para que constatasse a ausência dos ditos cujos.  Ninguém havia comido, mas, eles tinham desaparecido.
Não foi minha mãe, não fui eu, não foi minha irmã, nem o meu irmão de criação. Como?
Alguém estava mentindo.
Sobrou para o menor, meu irmão de criação.
- Foi você? Perguntava minha mãe.
- Não. Respondia ele. Esse diálogo se repetiu algumas vezes.
- Se não fui eu, diz minha mãe, não foi o Luiz nem a Lidia, só pode ter sido você. Afirmava minha mãe.
- Não fui eu. Dizia ele, quase chorando.
A cada pergunta, o prato vazio era mostrado.
Eis que, na última pergunta, já com a afirmativa da culpa dele, minha mãe vira a tampa e, lá estavam os três pastéis, coladinhos. O vapor acumulado na tampa havia molhado os pastéis, que colou ali.
A prova estava clara, os pastéis não estavam lá. Mas a verdade estava encoberta pela tampa da panela.
Tirei desse episódio, para a minha vida, uma lição.

Não se deve culpar ninguém sem antes esgotarem-se todos os argumentos.

Não quero e não vou abrir polêmicas e discussões sobre o que falo a seguir, mas não posso deixar de me manifestar sobre um assunto tão polêmico. O julgamento da AP 470.
Ontem o STF encerrou seus trabalhos, de votação da admissibilidade dos embargos infringentes, com quatro votos a favor e dois contra, indicando que serão acatados, no dia de hoje.
Já vi manifestação do tipo “pizza assando”, “não vai dar em nada” e, a mais emblemática, vindo de um “grande articulista da grande mídia”: “está virando um julgamento político”.
Virando como? Não está sendo?
Acompanho com interesse de leigo, desde o início. Não sou advogado, nem jurista. Sou um leigo interessado. Assisto TV Justiça, leio jornais e revistas, busco na internet, ouço e leio opiniões diversas – nesse caso, em particular. Mas não abro mão de construir minha opinião.
A admissão dos embargos infringentes não tem nada a ver com a obrigatoriedade em mudar o resultado anterior do julgamento. Muito pelo contrário, caso se venha a reafirmar esse resultado, este será mais forte e condizente com o que chamamos justiça. Rever posições é um dever do julgador, caso esse se convença, através das provas, que exagerou ou errou em sua avaliação.
Dizem: é melhor dez culpados soltos do que um inocente preso.
Recursos foram criados para que a sentença final esteja tão depurada que não haja mais dúvida sobre ela.
Se existem exageros na quantidade de recursos que se pode impetrar, esse é outro assunto, para outra ocasião. Não no meio de julgamento. A regra está posta e não pode ser mudada no meio do caminho.
Esse é um julgamento político, existe um clamor por justiça – que não pode virar justiçamento, para que não entre para a História como um erro clamoroso.
É importante que nossos parâmetros mudem e, que ricos e engravatados, senhores do dinheiro e de poder, também freqüentem nossas cadeias. Mas não a qualquer custo.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

O projetor 16mm



Quanto eu tinha uns cinco ou seis anos, meu pai comprou um projetor de 16mm, da marca Victor.
Quem é da minha época de infância irá se lembrar das tardes/noites de sessão de cinema na Vila.
Filmes alugados a Embaixada Americana. Naquela época não tinha locadoras e eram as embaixadas que faziam a divulgação de seus filmes.
Em dia de sessão, um lençol era preso na parede da casa vizinha a vila, em frente à casa três, onde era colocado o projetor, para dar a distância suficiente.
A garotada sentava no chão para curtir a exibição dos desenhos animados. Gato Félix, Alice no País das Maravilhas, comédias do Gordo e o Magro, Abbott & Costello e muitos outros.
Tinha gente que passava pela rua, via o movimento na vila e entrava para desfrutar dessa sessão de cinema familiar.
Esses mesmos filmes que eram exibidos para nós, meu pai e minha mãe exibiam, também, para comunidades carentes. Subiam os morros do Rio e, faziam o mesmo que faziam na vila. Algumas vezes, estava eu junto a eles nessas empreitadas. Eram tempos em que não havia violência e, sempre eram acolhidos com respeito e carinho.
Esse, certamente, foi o meu primeiro contato com a realidade da vida. Com a pobreza e com a generosidade, tanto de meus pais como das pessoas que eram brindadas com aquele agrado.
Muito pouca coisa diante do que era necessário, mas dava para ver o quanto era importante para aquelas pessoas aquele momento de carinho.
Não me tornei nenhum santo, nem cheguei perto disso, mas, consegui ao longo de minha vida, entender o que as pessoas que não tem nada, ou quase nada, sentem quando lhes oferecem um pouco que seja.
Enquanto batemos boca, pessoas como nós estão precisando de atenção.
Enquanto discutimos se devemos construir hospitais e contratar médicos ou, contratar médicos e depois construir hospitais, a diarreia está matando.
Enquanto acharmos que a estrutura é maior do que o ser humano, não chegaremos a lugar algum.
Enquanto ficarmos procurando quem é o responsável em tomar atitude ou quem deixou de tomá-las, muita gente irá morrer.
Precisamos agir mais e falar menos.
Precisamos olhar para dentro de nós e, encarar o que precisamos e devemos fazer.
A fome não espera, a vida não espera.
A retórica só acalenta aqueles que se acham poderosos. Não resolve problema de quem os tem.