domingo, 16 de março de 2014

Uma vila chamada Viçosa - Ganhar e perder




Já se vão 50 anos e ainda me lembro com clareza desse momento. Os dias que antecederam ao golpe de 64 estavam tensos.  Lá em casa se comentava o comício da Central e já se tinha idéia do quanto isso havia mexido com a chamada elite.
Embora com 13 para 14 anos, já entendia o que se passava. A política sempre foi um prato servido lá em casa.
A casa seis sempre foi palco de algum acontecimento. Contava minha mãe, que na década de quarenta, meu pai reunia lá, os defensores do petróleo. De lá saiam para pichar e colar cartazes nos muros da Cidade. Muitos foram presos. Todos correram da polícia. Mas “O Petróleo é nosso!”
Ganhamos!
Meu pai já não estava mais lá, haviam se separado. Mas o cheiro de política ainda permanecia.
Ao final de março o clima já estava quente.
O rádio, que sempre foi minha paixão, só era ouvido em ondas curtas. Queria saber o que acontecia pelo restante do País. No dia 31 de março, soubemos que as tropas mineiras marchavam em direção ao Rio de Janeiro. Dessa vez, a reunião para ouvir as notícias, foi na casa quatro. Lá morava um casal de senhores, uma filha e dois netos.
Tanto em casa, quanto na casa do “seu Pinheiro”, acompanhávamos os discursos de Brizola, pedindo para que resistíssemos, para que o povo fosse para as ruas defender a legalidade. Não deu. Não havia ônibus. Não havia como.
No dia seguinte o golpe havia sido dado.
Colados ao rádio, ouvimos a notícia da deposição de Jango.
- Perdemos! Exclamou Iamara, a neta mais nova do seu Pinheiro.
Perdemos.

terça-feira, 11 de março de 2014

Você não me representa



Dilma não me representa!

Bolsonaro não me representa!

Feliciano não me representa!

É o que mais se vê pelas redes sociais.

Dilma obteve 55.752.529 votos (50,05%).

Bolsonaro, 120.646 votos (1,51%).

Feliciano, 211.855 votos (0,99%)

Realmente eles podem não me representar, ou melhor, representar a minha vontade, mas representam a vontade desse número de eleitores.

Goste eu ou não, eles estão ali com o aval e a concordância de um número de eleitores, que se manifestaram democraticamente, nas urnas.

Podemos e devemos manifestar nossa posição, nossos interesses, nossas idéias e ideais. Esse é o jogo.

O que não se pode é, pelo fato de não concordarmos com esses políticos, ficarmos a fomentar golpes, tomadas de poder, viradas de mesa. Torcer pelo caos, só pelo prazer de dizer “eu já sabia”.

Qualquer mudança nos rumos políticos, em um país democrático, se faz e se fará sempre pelo voto popular.

Não pense você que só os seus pares sabem votar. Que a patuléia é ignorante, pau mandado, voto de cabresto. Essa mesma patuléia deu pano de fundo para a eleição de muitos outros políticos de seu agrado. Essa patuléia, também foi pano de fundo para justificativas de toda a sorte de mandos e desmandos.

Será essa massa inteligente e boa de voto, somente quando comunga de suas idéias?

Os políticos em quem votamos, ou não,  nos representam sim. Fazem parte do pensamento da sociedade em que vivemos.

O mandatário maior, o presidente, mesmo que não tenha o meu voto, me representa sim.

Isso é democracia.

Gostar deles ou não é direito nosso.

Criticar também.

Torcer pela derrocada é impatriótico.

Mudar isso na marra é golpe.

Se essa é sua vontade, uma coisa é certa: você não me representa.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Esse ano promete



Lá vamos nós para nossa infindável dicotomia. Democracia x Comunismo.
Ah! Esse comunismo que insiste em permanecer na vida e na mente de tantos. Como o diabo a freqüentar o culto, não sai dos nossos lares e labutas.
Esse comunismo que aflora todas as vezes que se avizinha uma mudança qualquer.
Esse comunismo enraizado na ignorância do povo, que não sabe votar, que não sabe dar rumo ao seu destino. Esse comunismo que apoquenta a sociedade, toda vez que ela está tentando melhorar.
Lá vamos nós, de novo, a clamar pela democracia, a pedir o uso da força, para que se restabeleça a democracia. Essa tão sonhada forma de governar.
Lá vamos nós, marchar com Deus pela liberdade, dar ouro para o bem do Brasil.
Lá vamos nós, ganhar uma Copa para amenizar nossas perdas.
Lá vamos nós, jogar para debaixo do tapete, desvios e desventuras.
Lá vamos nós, enterrar nossos mortos sem corpos.
Lá vamos nós, lamber nossas feridas que nunca se fecham.
Lá vamos nós! De novo!