Explico:
Uma mãe pergunta a seu filho:
- Você almoçou?
- Almocei. Responde ele.
- Comeu tudo?
- Sim.
Uma colher de arroz ou quatro? Um bife ou um coração de
frango? Uma salada completa ou uma ervilha? Qualquer dessas situações
responderia a pergunta única. Sem que houvesse uma “mentira”.
Almoçou o que? Comeu quanto?
Feitas mais essas duas perguntas, e toda a informação
desejada será respondida.
Caso contrário, o filho poderá ter comido o suficiente para
se alimentar ou não. E, ficará por conta da mãe, entender o que lhe convier.
Com as pesquisas se dá o mesmo.
Na coleta de dados, sempre, todas as variáveis são
questionadas. Na hora da análise desses dados, todos são avaliados e
quantificados.
Na hora da divulgação, caberá a mídia – nas pesquisas
políticas em particular – usar os dados que lhes convém.
Na última pesquisa Datafolha, foi exatamente isso que
aconteceu. Foram divulgados números desfavoráveis a candidatura Dilma, com
queda de seis pontos percentuais, mas, forma omitidas as outras variáveis que
compunham o quadro geral. No dia seguinte, com a divulgação do restante dos
resultados, descortinamos um quadro totalmente diferente do que sugeria a
primeira informação.
A queda realmente existiu, mas, o quadro se manteve o mesmo
das pesquisas anteriores. Essa queda, não significou uma alteração nos números
de seus concorrentes diretos, Aécio e Campos. Pelo contrário, eles permaneceram
estacionados.
A simples divulgação de uma queda nas pesquisas levou a
maioria das pessoas, a imaginar que os candidatos de oposição estariam subindo
e, passariam a incomodar ou ameaçar a reeleição.
Essa “parada estratégica” na divulgação da totalidade dos
dados pode ser considerada uma manipulação, pois mascara, em um primeiro
momento, o real quadro. Ao mesmo tempo, não caracteriza essa intenção. Aquele
que obteve a informação inicial terá a sensação da queda. Se ele acompanhou o
noticiário, posteriormente, pode desfazer a primeira impressão. Se não o fez, a
primeira foi a que ficou.
E assim, de “parada estratégica” em “parada estratégica”, vamos nos mal informando e acreditando no que
os “formadores de opinião” nos enfiam pela goela abaixo.