Uma vez li, vi, ouvi, sei lá, que o Homem estava dividido em duas
espécies, os ordinários – que seriam a maioria da população – e, os
extraordinários – que seriam os líderes, os grandes homens, os generais.
A grande diferença entre uma categoria e outra estava,
basicamente, nas consequências de seus atos. Se um ordinário matar alguém, será
preso, julgado e irá passar uma temporada na cadeia. Os extraordinários têm o
poder, a distinção e, podem matar milhares que, ao final de sua tarefa,
receberão medalhas e estátuas. Essa é a diferença.
Essa classificação me vem sempre à cabeça toda a vez que me
deparo com certo grupo de pessoas que se acham melhor do que outras.
Os salvadores da Pátria.
São criaturas que trazem em seu DNA a prepotência, o
sentimento de que ninguém consegue fazer melhor do que eles. São os únicos que
conseguem enxergar a realidade, são os únicos que sabem qual o melhor destino
para o Mundo. São os únicos que decidem certo.
São extraordinários.
São ordinários extras.
Se dizem cristãos, mas se der oportunidade, matam, torturam
seu “adversários” com a maior frieza. E em nome de Deus. Pois eles estão com
Ele e Ele está com eles. São seus enviados.
O inimigo do Mundo, seja ele quem for, é seu inimigo. Eles,
só eles conhecem o inimigo, conseguem identificá-lo, sabem muito bem como ele
usa suas artimanhas. Querem a todo custo nos defender desse mal.
Não perguntam se queremos, nós os ordinários, sua proteção.
Acham-se no direito, ou no dever, de nos proteger de tudo, principalmente
daquilo que não conseguimos enxergar, só eles.
São uma casta, uma religião.
Das cavernas ao século vinte e um é sempre a mesma coisa.
Será que não dá para liberar os ordinários? Estamos cansados
desse papo de que não conseguimos fazer nada direito. O mundo chegou até aqui
por conta de nossa força. Fomos nós que pegamos no pesado, fomos nós que
morremos no "front" das batalhas, fomos nós que pagamos a conta das suas
aventuras.
Dá um tempo e observa calado a força que essa massa
ordinária tem.
Fica na sua, com seu mundo ou aprende a conviver com o
restante do Planeta.
Nós não estamos nem aí para vocês.
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